Os religiosos devem obedecer aos bispos, recomenda a Congregação para a Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica. “É fonte de perplexidade que os religiosos não participem das estruturas de consulta e de colaboração da Igreja particular, como os encontros de decanato, as assembleias pastorais, as jornadas de formação”.
Além disso, é direito de um bispo ser consultado quando um instituto religioso “vende um imóvel, retira um pároco ou um vigário, ou decide deixar a diocese”. Portanto, as ordens religiosas não poderão mais se defender atrás do escudo da isenção. É o fim dado pela Santa Sé às igrejas paralelas “faça você mesmo”.
“Houve algumas declarações infelizes por parte de alguns que afirmavam ser porta-vozes de uma ‘Igreja profética’, que, por sua natureza, deve se opor à hierarquia”. Quase como se “pudessem subsistir como duas realidades diferentes, uma carismático, a outra institucional, enquanto ambos os elementos, ou seja, os dons espirituais e as estruturas eclesiais, formam uma única, embora complexa, realidade”. [grifo meu]
Há muito tempo, chovem no Vaticano, especialmente da Áustria e da América do Sul, notícias alarmantes de sacerdotes dissidentes que fazem com que leigos celebrem a missa e que admitem os divorciados em segunda união à comunhão, de mosteiros e conventos que atuam sem dialogar com o bispo e de inveterados abusos litúrgicos. [grifo meu]
O secretário da Congregação dos Religiosos, monsenhor Joseph Tobin, comunicou aos superiores maiores o “alto lá” do papa aos desvios das regras. Mostrando os elementos de dissonância recíprocos, a Santa Sé colocou sob observação a fraca colaboração entre Igreja local e vida consagrada para “superar uma tendência a uma forte separação entre sacerdotes religiosos e diocesanos”. O objetivo é redescobrir a “missão comum do cuidado das almas”.
O Vaticano condena o fato de ter se desenvolvido, entre os sacerdotes provenientes de institutos religiosos, “a tentação de um fechamento em si mesmos, manifestada, por exemplo, na não colaboração com a Igreja local a respeito de certos pedidos pastorais que não invalidam o fato de poderem viver seu próprio carisma, ou na não participação nas várias iniciativas empreendidas pelas dioceses”. [grifo meu]
Uma outra tentação, de acordo com o “número dois” do dicastério vaticano, que está presente hoje dentro dos sacerdotes que pertencem à vida consagrada com relação à Igreja local, oposta à anterior, se dá pelo fato de “não viver plenamente o próprio carisma, por causa da excessiva generosidade com a qual se quer responder às exigências sacramentais presentes nesse determinado território”. A urgência agora é de “aumentar, acima de tudo, um conhecimento entre sacerdócio religioso e diocesano e também uma efetiva colaboração”.
Por isso a Santa Sé pede “uma ação de diálogo entre essas duas realidades eclesiais”. Esse diálogo deveria se desenvolver sobre quatro características fundamentais que são: a clareza, a confiança, a mansidão e a prudência.
É preciso que “as estruturas voltadas ao diálogo entre Igreja local e vida consagrada” tenham como fundamento “a busca da comunhão recíproca na Igreja”. No centro de tudo, deve haver “a escuta das pessoas e sobretudo das necessidades mais profundas do homem moderno e a busca da verdadeira Sabedoria para saber ler os acontecimentos que ocorrem na história através dos olhos de Deus”.
A vida consagrada tem “uma missão viva dentro da sociedade, que é a de saber reconciliar o homem com Deus”. Para realizar isso, os consagrados, especialmente os sacerdotes, “devem aprender de Jesus o mesmo olhar que Ele tinha quando estava no mundo e olhava para a humanidade que se apresentava diante dele”.
É importante, portanto, que a vida consagrada “saiba pôr-se em uma atitude de verdadeira escuta ao homem hodierno e às suas problemáticas que ele traz consigo no seu caminho existencial”. E se o tempo histórico atual apresenta muitas dificuldades, “elas só não desanimam a Vida Consagrada se ela souber adquirir aquela Sabedoria com a qual ela saberá julgar os problemas hodiernos com esperança”.
Essa esperança “nasce da força do carisma, que é o instrumento com o qual é preciso considerar todas as coisas através dos olhos de Deus e com a confiança de que o Senhor, mesmo no tempo hodierno, está preparando algo para todas as pessoas, que nós, porém, imediatamente, ainda não conhecemos”. Portanto, a “vida consagrada, centrada em Cristo, saberá realmente oferecer ao tempo hodierno a sua presença vivificante, sapiencial e profética”.
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