segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Parte 7: Erro Protestante da "Sola Scriptura"

OS PRIMEIROS CRISTÃOS NÃO TINHAM UMA BÍBLIA COMPLETA

Estudiosos bíblicos nos revelam que o último livro da Bíblia não havia sido escrito até o final do primeiro século, isto é, até meados do ano 100 d.C. [9]. Este fato demonstra um intervalo inexato de cerca de 65 anos entre a ascensão de Cristo aos céus e o término da redação da Bíblia como a conhecemos.

A pergunta que deve ser feita é a seguinte: Quem ou o quê serviu como autoridade final e infalível durante este tempo?
 
Se a doutrina protestante da Sola Scriptura fosse verdade, então houveram disputas e discussões dentro das comunidades que não tiveram a oportunidade de ser resolvidas definitivamente, até que os livros do Novo Testamento fossem escritos, mesmo já existindo uma Igreja antes que a Bíblia estivesse completa. O barco ficou sem comandante, por assim dizer, pelo menos por um determinado tempo. Porém isto vai de encontro às afirmações e promessas que Jesus fez à sua Igreja: Eis que estarei convosco todos os dias, até a consumação dos tempos (Mt 28,20), sem mencionar que Ele garantiu a seus discípulos: não vos deixarei órfãos (Jo 14,18).
 
Este é um assunto de particular importância, pois as primeiras décadas da existência da Igreja foram repletos de tumultos. As perseguições já haviam começado, cristãos estavam sendo martirizados, a nova fé estava lutando para crescer, e alguns falsos mestres já haviam aparecido (cf. Gl 1,6-9). Se a Bíblia fosse a única regra de fé dos cristãos, sendo que ela ainda não havia tomado forma - muito menos definido seu cânon - durante pelo menos 65 anos depois da ascenção de Jesus, como a Igreja primitiva poderia resolver questões doutrinárias sem uma autoridade que a conduzisse?

Neste momento os protestantes buscam oferecer duas possíveis respostas:
1) Os apóstolos eram temporariamente a última autoridade enquanto o Novo Testamento estava sendo escrito;
2) que o Espírito Santo foi dado à Igreja e que a sua direta orientação foi o que preencheu o lacuna entre a ascenção e a definição do Novo Testamento.
 
Sobre a primeira resposta, é verdadeiro que Jesus revestiu aos apóstolos da Sua autoridade; contudo, a Bíblia em local algum indica que esta autoridade dentro da Igreja iria cessar com a morte dos apóstolos. Pelo contrário, a Bíblia é bastante clara quando:
1) em lugar algum diz que uma vez morto o último apóstolo, a Palavra de Deus escrita tornaria-se a autoridade final e;
2) os apóstolos claramente escolheram sucessores que, por sua vez, possuíram a mesma autoridade de ligar e desligar. A substituição de Judas Iscariotes por Matias (cf. At 1,15-26) e a transmissão da autoridade apostólica de Paulo a Timóteo e Tito (cf. 2 Tm 1,6; Tt 1,5) são exemplos de sucessão apostólica.
 
Sobre a segunda resposta - que o auxílio direto do Espírito Santo preencheu a lacuna - o problema com este entendimento é que o auxílio direto do próprio Espírito Santo é uma conclusão extra-bíblica. Naturalmente, a Bíblia nos fala da clara presença do Espírito Santo entre os cristãos e sua missão de ensinar aos apóstolos toda a verdade, porém se a direção direta do Espírito Santo foi, de fato, a autoridade final durante estes 65 anos, então a história da Igreja conheceu duas autoridades finais sucessivas: primeiro, o Espírito Santo, sendo que esta autoridade foi substituída pela Escritura, que então tornaria-se "sola", ou a única autoridade final. E se esta situação de uma autoridade final extra-bíblica é permissiva pelos protestantes, não o é pelos católicos, que afirma que a autoridade do ensino da Igreja é a autoridade final direta - derivando sua autoridade de Cristo e seu ensino da Escritura e da Tradição, guiada pelo Espírito Santo.
 
O Espírito Santo foi dado à Igreja por Jesus Cristo, e é exatamente este mesmo Espírito que protege o chefe visível da Igreja, o Papa, e a autoridade do ensino da Igreja jamais permitindo que ele ou ela caiam em erro. O católico acredita que Cristo de fato enviou seu Espírito Santo à Igreja e que este Espírito esteve sempre presente na Igreja, ensinando toda a verdade (Jo 16,13) e continuamente protegendo sua integridade doutrinal, particularmente pelo ofício do Papa. Com isso o Evangelho pode continuar sendo pregado - com autoridade e infalivelmente - mesmo sem um só versículo do Novo Testamento.

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