quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Parte 9: Sola Scriptura

A "SOLA SCRIPTURA" É COMPLETAMENTE ESTRANHA À IGREJA PRIMITIVA

A idéia da autoridade da Escritura existindo separada da autoridade do ensino da Igreja é completamente estranha à Igreja Primitiva

Se buscarmos os escritos dos Pais da Igreja Primitiva, encontraremos referências à Sucessão Apostólica [10], aos bispos como guardiões do Depósito da Fé [11], e ao primado e autoridade de Roma [12]. O precioso valor destas referências torna claro o fato de que a igreja primitiva entendeu a si própria como uma hierarquia necessária para proteger a integridade da fé. Em lugar algum encontramos alguma indicação de que os primeiros fiéis cristãos discordavam da autoridade da Igreja e a consideravam inválida como regra de fé. Do contrário, vemos nestes escritos que a Igreja, desde a sua mais longínqua origem, entendeu sua autoridade para ensinar como uma combinação inseparável entre Escritura e Tradição Apostólica - sendo ambas ensinadas e interpretadas com autoridade pelo Magistério da Igreja, cuja cabeça é o bispo de Roma.

Dizer que a Igreja primitiva acreditava na noção de somente a Bíblia, seria o mesmo que dizer que homens e mulheres poderiam alegar que as leis civis não necessitam de um Congresso que as legisle, ou de uma corte que as interprete e de polícia alguma que as execute. Tudo que seria necessário seria o livro de Direito Civil em todas as casas para que cada cidadão possa determinar por si mesmo como entender e aplicar as leis. Tal afirmação, claro, é absurda, pois ninguém esperaria que as leis civis funcionassem bem deste modo. A conseqüência de tal escândalo inadvertidamente levaria à anarquia total.

Quão mais absurdo, então, é pretender que a Bíblia pode funcionar por si mesma, sem a Igreja que a organizou? É somente esta Igreja - e não somente qualquer cristão - que possui a autoridade divinamente transmitida para a interpretar corretamente, assim como legislar sobre os problemas decorrentes da conduta de seus membros. Se este não fosse o caso, qualquer nível de situação - local, regional ou global - rapidamente desenvolver-se-ia em anarquia espiritual, onde cada cristão pode formular um sistema teológico e desenvolver uma moral simplesmente baseadas em sua própria interpretação da Bíblia.

E desde a tão chamada Reforma não é isto que estamos vendo? De fato, um exame do escândalo na Europa que imediatamente seguiu a gênese da reforma - particularmente na Alemanha - irá demonstrar que o resultado das doutrinas da reforma são uma desordem tanto espiritual quanto social [13]. Mesmo Lutero se mostrou desapontado pelo fato de que infelizmente, é de nossa costumeira observação que agora sob o evangelho o povo está mais amargo, invejoso e avarento que antes sob o papado [14].

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